CBF E O SEU COMANDO

Recentemente, a CBF está no comando de Ednaldo Rodrigues, que havia sido deposto por uma decisão colegiada do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Em janeiro de 2024, uma decisão do Ministro do STF, Gilmar Mendes, reconduziu Ednaldo ao poder da entidade.

O dirigente retornou ao cargo ainda em meio a uma séria de acusações de supostas irregularidades na eleição para o comando da CBF que venceu em 2022. Além disso, havia a polêmica escolha de Carlo Ancelotti para ser o treinador da seleção a partir de 2024. Só esqueceu de avisar ao próprio, que renovou o seu contrato com o Real Madrid.

Contrariando todas as “garantias” por ele mesmo dadas, Rodrigues “remexeu” o comando técnico da seleção principal. Demitiu o treinador “interino” Fernando Diniz e convidou Dorival Junior, para o cargo.

Toda a situação apresentada demonstra apenas a bagunça da CBF. Uma instituição que é caracterizada mais pelos embates pelo poder, do que por uma gestão eficiente.

E isso não é de hoje.

JOÃO HAVELANGE, HELENO NUNES E GIULITE COUTINHO

Olhando para trás, podemos citar eventos recorrentes desde ao menos 1958. João Havelange foi presidente da antiga CBD por 17 anos, entre 1958 a 1975, depois assumindo o comando da FIFA.

Depois de Havelange, seguiu-se um período de relativa tranquilidade na CBF. Foi comandada por Heleno de Barros Nunes (de 1975 a 1979 – últimos anos da CBD; terminando em 1980) quando houve a transição da CBD para CBF; e Giulite Coutinho (entre 1980 e 1986), marcada pela construção do centro de treinamento da Granja Comary, em Teresópolis, no Rio de Janeiro.

A partir daí, voltaram as lutas intensas pelo comando da CBF.

OCTÁVIO PINTO GUIMARÃES

A partir de janeiro de 1986, Octávio Pinto Guimarães assume a presidência, foi eleito num pleito marcado por polêmicas, graças a uma manobra de Nabi Abi Chedid.

O ex-presidente da Federação Paulista de Futebol (e do Bragantino), na realidade, encabeçava a chapa, com Octávio como vice. Eram oposição a Medrado Dias, dirigente do Vasco da Gama e apoiado por Giulite Coutinho.

Pouco antes da eleição, já especulando que haveria um empate numérico entre os dois candidatos na escolha dos dirigentes votantes, Nabi resolveu inverter a ordem de sua chapa, com ele saindo candidato a vice e Octávio a encabeçando, isso porque o primeiro critério de desempate na votação se daria pela idade dos candidatos: o mais velho, no caso Octávio, seria declarado vencedor.

Faltando minutos para o pleito, Nabi inverteu a ordem da chapa, manobra esta que favoreceria Octávio num eventual empate (idade). A vitória estava assegurada em qualquer cenário.

Todos os parâmetros eram analisados pelos interessados.

Garantida a vitória sobre quaisquer critérios, o desempate acabou não sendo preciso, pois Octávio venceu por  diferença de um voto.

RICARDO TEIXEIRA

Em 1989 chegou ao poder Ricardo Teixeira, genro de João Havelange, derrotando Nabi Abi Chedid. Encontrou uma entidade praticamente sem caixa, colocando em risco a preparação da seleção para a Copa do Mundo de 1990.

Polêmicas e escândalos foram as marcas mais profundas da gestão Teixeira. Acusações de nepotismo, pagamento de passagens para autoridades, importação indevida de equipamentos eram algumas das acusações.

Somaram-se às irregularidades acima a celebração de contratos lesivos a CBF, doação de dinheiro do caixa para campanhas eleitorais de dirigentes esportivos (financiamento da “bancada da bola” no Congresso Nacional), visando a defesa de seus interesses, o que assegurou suas quatro reeleições.

RENÚNCIA E MARIN

Em 12 de março de 2012, após nova série de denúncias exibidas pela mídia, e com a imagem muito desgastada perante o Governo Federal e a opinião pública, Teixeira renunciou à presidência da CBF.

Em seu lugar assumiu José Maria Marin, que esteve à frente da realização da Copa de 2014, mas posteriormente, em 2019, foi banido do futebol.

Continua no próximo artigo

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